Disponíveis no mercado brasileiro desde 2011, as telhas de PVC representam um novo conceito tecnológico de soluções no segmento da construção. Antes da introdução do sistema no mercado nacional, os recursos técnicos nacionais disponíveis para aplicação de cobertura em larga escala se baseavam, tradicionalmente, em materiais à base de cimento, cerâmicos ou metais. Não se considerava a utilização de polímeros como alternativa para compor a totalidade de um telhado por conta de obstáculos de processamento e de engenharia de produto que possibilitassem a resistência a solicitações naturais rigorosas presentes em países tropicais.
Com o envolvimento de fornecedores de resina e de aditivos para PVC e com parcerias com provedores de equipamentos, foi possível desenvolver um produto de base polimérica que atendesse aos requisitos de desempenho exigidos para sistemas de coberturas (figura 1).
Os perfis colonial, mini-onda e trapezoidal do sistema de telhas de PVC descrito neste artigo são predominantemente destinados a unidades térreas, isoladas ou geminadas, e sobrados destinados a habitações. Embora sua utilização em outros tipos de edificações, como prédios, também seja viável, a ação do vento na edificação em questão deve ser inferior à correspondente pressão máxima de vento de 2.300 Pa.
Devido às suas dimensões e características técnicas, as telhas de PVC são mais leves que as tradicionais telhas de barro, o que permite vencer vãos maiores, reduzindo a quantidade de caibros, ripas e outras estruturas de sustentação. Sua resistência mecânica permite suportar melhor o impacto e o carregamento tanto para cargas estáticas quanto acidentais. Esses fatores colaboram na redução de custo e de tempo de instalação.
As telhas de PVC também se mantêm estáveis em condições de intempéries e de exposição a agentes químicos, como emissões industriais, névoa salina, ácidos e outros ambientes agressivos. Sua vida útil está de acordo com a NBR 15.575:2013 - Edificações Habitacionais - Desempenho. Além disso, elas não propagam chamas, não sofrem ignição e atendem às exigências brasileiras de segurança ao fogo, conforme a NBR 15.575 e a diretriz SiNAT no 007 - Telhas Plásticas para Telhado (tabela 1).
Características do produto O substrato das telhas é composto de PVC rígido, liso, na cor marrom, sem brilho. A face externa possui o revestimento capstock, uma camada protetiva com aditivos antirraios UV (ultravioleta) e antichama, com espessura mínima de 100 μm.
O uso de cor escura na telha de PVC é validado pelos ensaios de durabilidade, cujos resultados demonstraram adequação do revestimento protetivo e do substrato ao efeito dos raios ultravioleta.
Na figura 2 e na tabela 2 estão as características e dimensões da telha.
Procedimentos de execução
Ferramentas e EPIsAs ferramentas necessárias são linha de náilon, furadeira elétrica, broca, serra elétrica, régua, esquadro, chave de boca e lixa, além de todos os itens e procedimentos de segurança para o trabalho. Segundo a NR-18, os seguintes equipamentos de proteção individual (EPIs) são imprescindíveis: capacete, óculos, luvas, cinto tipo paraquedas e botas. Vale reforçar que o cinto de segurança e o cabo-guia devem ser utilizados durante todo o procedimento de execução.
Segurança e transporte O serviço jamais deve ser iniciado caso o telhado esteja úmido ou molhado, o que colocaria em risco a segurança do instalador. As condições da rede elétrica devem ser previamente observadas, bem como o isolamento do local e o entorno do telhado.
Tábuas de apoio devem ser amarradas sobre as telhas e todo o serviço deve ser executado sobre elas, nunca diretamente sobre as telhas.
O transporte das telhas e peças complementares deve ser feito com cuidado para evitar riscos ou danos no produto. A armazenagem deve ser feita em local plano, com a sobreposição de quatro pilhas de telhas paletizadas contendo, no máximo, 50 folhas cada. As cumeeiras também devem ser colocadas em local plano, em pilhas de no máximo 50 peças. Como as telhas são 100% recicláveis, seu descarte pode ser feito em locais apropriados para a coleta seletiva de resíduos da construção civil.
Ancoragem As telhas são acopladas entre si por meio de sobreposição ao longo de seu comprimento e de sua largura (recobrimentos longitudinal e transversal) e ancoradas à estrutura por peças de fixação e de vedação, compostas por parafusos metálicos de cabeça sextavada e ponta broca, anel de vedação plástico e capa de proteção na cor marrom.
Cálculos
Quantidade de telhas
O cálculo da quantidade de telhas deve ser feito a partir da divisão da área da cobertura (considerando a declividade) pela área útil da telha adotada.
Exemplo:
- 280 m² de cobertura colonial
- telha de 2,30 m com área útil de 1,69 m²
280 m² ÷ 1,69 m² = 166 telhas
Vale lembrar que o cálculo sugerido é apenas uma referência. A quantidade final pode variar em função do tipo de telhado e inclinação, dentre outras variáveis.
Quantidade de peças complementaresPara chegar a essa conta, deve-se dividir o comprimento linear a ser fechado pelo comprimento útil da cumeeira escolhida.
Exemplo:
- comprimento linear a ser fechado = 18,60 m
- comprimento útil da cumeeira = 0,80 m
18,60 m ÷ 0,80 = 23,25 → 24 unidades de cumeeira lateral lisa
Obs.: informações mais detalhadas sobre os cálculos podem ser obtidas no manual de instalação do fabricante.
Declividade A declividade mínima da cobertura em duas águas com as telhas de PVC é de 10%, sendo 20% para os demais perfis. As telhas também podem ser aplicadas na vertical, desde que sejam mantidos os devidos cuidados de fixação apresentados neste artigo. Em casos de telhados com uma só água, a declividade pode ser a partir de 5%.
Estrutura
Peças de apoio
As peças devem estar planas, sem deformação, com espessura acima de 25 mm. De acordo com o espaçamento da tesoura adotada, define-se a espessura do caibro ou ripão. É importante garantir que a superfície esteja alinhada e apresente espaçamento adequado.
As dimensões das terças podem ser de 25 mm x 60 mm (ripão), 40 mm x 60 mm (caibros) ou 60 mm x 120 mm (dependendo do vão livre de apoio das peças). Se forem metálicas, é recomendado o uso do perfil U (quadrado ou retangular) de 25 mm x 50 mm, 30 mm x 30 mm, 30 mm x 50 mm ou 40 mm x 75 mm.
Espaçamento entre terçasA primeira peça deve ser posicionada na extremidade da tesoura, enquanto a última deve estar de 100 mm a 180 mm distante da linha da cumeeira (figura 3). Para melhor fixação, recomenda-se o uso de uma vigota na cumeeira.
O distanciamento entre terças pode variar de acordo com a altura da edificação em relação ao solo e com a região brasileira, devido à ação dos ventos. A classificação das regiões de acordo com a velocidade dos ventos se encontra na figura 4.
Para calcular o número de apoios por telha, divida o comprimento da peça pela indicação de espaçamento entre apoios e some 1.
Exemplo:
- telha colonial de 2,30 m
- região 1
- espaçamento de 710 mm
2.300 ÷ 710 = 3,2 + 1 = 4,2 → 4 apoios por telha
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Figura 5 - Exemplo de corte diagonal para encontro lateral de águas
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Instalação
Linhas - Definir as linhas do telhado, cumeeiras, calhas e respectivos cortes (figura 5). Verificar a declividade do telhado: mínima de 5% para telhados de uma água, e 10% para telhados de duas águas.
Instalação das calhas - As calhas podem ser de chapa galvanizada ou de PVC. As chapas metálicas devem ter espessura de 0,6 mm, e as chapas de PVC, 1,5 mm. A largura mínima deve ser de 270 mm. Antes de colocar qualquer tipo de calha, certifique-se de que o modelo e o tamanho estão de acordo com o projeto.
Cobertura com a telha - As telhas devem ser fixadas em terças, obedecendo- se o distanciamento máximo de acordo com o perfil escolhido e a região de atuação do vento.
Ordem de instalação e trespasse - Para a instalação da telha, deve-se colocar a primeira folha na parte baixa. Cheque seu alinhamento com a linha do próprio telhado. Fixe a parte baixa da telha e, em seguida, recubra a parte superior, conforme ordem numérica da figura a seguir (figura 6).

Cuidados O trespasse no comprimento entre folhas de telhas deve ser de, no mínimo, 100 mm. A instalação das telhas em telhados com quatro ou mais lados devem ser iniciadas com a colocação da primeira folha na parte central, seguida pela sua distribuição nas laterais, conforme indicado na figura 7.
A face da telha com mais brilho deve estar sempre voltada para cima. Os furos e a fixação dos parafusos autobrocantes devem ser realizados na parte alta das telhas (crista da onda), conforme a figura 8. A fixação dos parafusos deve ser feita no eixo da terça. Após a fixação da quarta telha, conferir se as superfícies laterais e os beirais do telhado estão alinhados, realizando esse procedimento até o término do telhado. As laterais devem estar sempre encaixadas e parafusadas.
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Peças complementares Além das próprias telhas, o telhado conta com peças complementares, como cumeeira, espigão, rufo e beiral (figura 9).
Cumeeira central - Fixar as cumeeiras centrais em três pontos com parafusos (figura 10). A peça de cumeeira central possui ondas iguais às das telhas e, portanto, deve-se ajustar suas ondas às das telhas. A angulação da cumeeira central articulada pode variar de 10º a 90º. Possíveis sobras devem ser cortadas com dispositivo adequado, como serra elétrica, serrote, arco de serra ou serra tico-tico.
Cumeeira triangular de 20º - No encontro de três lados do telhado, deve- se usar a cumeeira triangular. Esse elemento deve cobrir todas as telhas. Sua fixação deve ser feita em quatro a seis pontos (figura 11).
Fechamento da cumeeira espigão - Peça exclusiva para as pontas do telhado. Sua fixação deve ser feita com arrebites em dois pontos na parte de baixo. Geralmente, deixa-se uma ponta de 100 mm (figura 12).
Capa lateral - Deve ser posicionada nas laterais das telhas de fora da cobertura para proteger a última peça da estrutura do telhado (figura 13).
Cumeeira espigão articulada - Na linha de encontro lateral de águas, recomenda-se usar a cumeeira espigão para melhor acabamento. Sua instalação deve seguir o encaixe das telhas e independe da inclinação das águas da cobertura. É indicado usar manta de vedação antes da montagem da cumeeira. Cada peça deve ser parafusada em quatro pontos (figura 14).
Cumeeira lateral lisa - Usada apenas em casos específicos, nos quais a instalação da cumeeira espigão articulada não é possível. Sua instalação depende de cortes feitos durante a montagem para encaixe nas telhas (figura 15).
Beiral - Para um melhor acabamento do beiral, sugere-se a colocação de um ripão e de um avanço da madeira de 0,58 m. Os caibros de apoio devem ter espaçamento de 3 m.
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Dispositivos e equipamentos O uso de chaminé, claraboias, reservatórios de água potável e outros dispositivos exige que se estabeleça uma distância de 30 mm entre a telha e a alvenaria e que seja aplicada uma manta autoadesiva de vedação de 200 mm nesse espaço.
Essa mesma exigência se aplica para o encontro de água com a edificação, no qual a função do rincão ou água furtada (captador de águas) é exercida pela própria manta de vedação. Vale ressaltar que não é necessário fazer encaixe da telha na alvenaria.
Para instalação de equipamentos sobre o telhado, deve-se utilizar um suporte metálico fixado na estrutura do telhado ou na laje e ainda vedar os espaços vazios nos cortes de passagem com manta de vedação, garantindo assim a estanqueidade da cobertura.
Procedimentos pós-instalação
Depois de finalizada a colocação das telhas no telhado, é recomendável realizar a inspeção visual das peças instaladas para identificar a existência de eventuais não conformidades, como deformações excessivas, quebras ou fissuras das telhas, que possam causar prejuízos ao desempenho do telhado.
No caso de alguma ocorrência, é imprescindível a identificação de suas causas e sua correção de forma adequada. Outro cuidado importante é a realização da limpeza das telhas com água e sabão neutro.
Durabilidade e manutenção O sistema tem potencial para atingir vida útil mínima de 13 anos (respectivo ao telhamento), mantendo a capacidade funcional e as características estéticas do telhado. Esse desempenho, cabe ressaltar, só é alcançado caso os procedimentos de instalação indicados pelo fabricante sejam atendidos e caso o telhado seja submetido a intervenções periódicas de manutenção e conservação.
A limpeza das caixas d'água, manutenção de antenas ou qualquer outra atividade de limpeza e manutenção deve ser executada por profissionais habilitados e devidamente protegidos com os EPIs necessários, tais como óculos, capacete, luvas, cintos de segurança tipo paraquedas e botas adequadas. O serviço jamais deve ser realizado com o telhado úmido. Tábuas de apoio devem ser colocadas e amarradas sobre as telhas, permitindo o acesso seguro ao telhado.
Em caso de substituição de telhas ou peças complementares, as fixações das peças a serem substituídas devem ser removidas e as fixações das peças adjacentes, afrouxadas. As novas peças devem ser posicionadas de modo a coincidir com os furos das peças adjacentes. Recomenda-se o uso de silicone colorido para coberturas para corrigir eventuais diferenças entre os furos novos e antigos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT NBR 15.575 - Edificações Habitacionais - Desempenho
Diretriz 007 Sinat
DATec no 22
Manual técnico PreconVC
Fonte: Revista Téchne